sexta-feira, 20 de julho de 2007

Acústicos & Valvulados – Acústico ao vivo e a cores (2007)


Para comemorar 15 anos de carreira, os gaúchos do Acústicos e Valvulados resolveram enfim gravar um CD/DVD acústico no ano passado, o “Acústico ao vivo e a cores”, gravado no belo Clube Leopoldina Juvenil, em Porto Alegre. E o resultado não poderia ser melhor.

O grupo, formado pelo vocalista Rafael Malenotti, o baterista e principal letrista da banda, Paulo James, o poeta, e o guitarrista e também vocalista Alexandre Móica, membros originais, acrescidos de Daniel Mossmann, o Jesus, na guitarra, e o baixista Diego Lopes, atinge seu ápice, acompanhado de diversos músicos convidados, em especial, a “sexta estrela” da banda, o guitarrista e compositor Luciano Albo, parceiro constante de James em grandes canções do grupo como “Milésima Canção de Amor”.

Acompanho o trabalho do Acústicos desde 2000, quando recebi na redação do site Zoyd, onde trabalhava, o glorioso segundo CD da banda, o primeiro homônimo, lançado em 1999. Quando ouvi aquela mistura de folk e rock, com as letras psicodélico-urbanas de Paulo James, como “Bubblegum”, “Fim de Tarde Com Você”, fiquei encantado e ofereci-me a fazer uma matéria grande com eles, cujo disco estava sendo lançado em São Paulo pela Abril, mas não rolou.

Em 2004/2005 acompanhei vários shows do Acústicos em São Paulo, sendo o mais marcante o da Funhouse, que assisti inteiro da boca do palco. Foi um show histórico, no qual fiquei até com um toco da baqueta do Paulo e no qual, na empolgação, o Rafael caiu do palco (sem conseqüências graves), aumentando mais ainda a chalaça, como eles gostam de chamar “bagunça”.

Ano passado estive em Porto Alegre e consegui os dois CDs deles que me faltavam, o segundo homônimo, de 2001, que é o mais rock de todos e que tem a música da minha vida no ano passado: “Suspenso no Espaço”, e o quinto , “Esse Som me Faz Tão Bem”, de 2005, o mais elaborado, com muito piano e violões.

Para quem não conhece o trabalho da banda, o DVD ou o CD é uma belíssima introdução ao som e ao universo lírico desse grupo que faz tudo com muito capricho, verdadeiros maneiristas que são da música bem feita, bem escrita e bem tocada, pois reúne 16 dos maiores sucessos da banda e quatro inéditas.

Entre as inéditas, Móica surpreende cantando (muito bem) “Vou com Você”, de sua lavra. “Milésima Canção de Amor”, de Albo/James, ganha uma versão melhor que a original, “Fim de Tarde Com Você” e “Quintal”, brilham como belos dias de sol. Os arranjos são ainda abrilhantados pelas participações especiais de Luciano Leães (piano e hammond), Márcio Petracco (pedal steel) e Alexandre Papel (percussão), todos da nova banda Locomotores, e Luiz Henrique Tchê Gomes, do TNT, que canta “Deus Quis”, de sua autoria, em dueto com Malenotti.

Cotação: *****

Other Stuff – Comprei o DVD, pois estava com saudade de ver a banda ao vivo (pô, quando é que o A&V vem à Sampa?). O encarte tem informações bacanas, o DVD tem poucos extras, mas inclui cenas de bastidores e uma matéria feita para o programa Patrulha, da RBS. O DVD tem uma edição limpa, com uns cortes simples, mas a fotografia e a luz são belíssimas, acima da média nacional. Na minha opinião, faltou apenas o som e o calor da platéia, cujas manifestações foram praticamente limadas, escutando-se apenas palmas no final de cada música, o que dá uma certa artificialidade, uma vez que num show dos A&V, o público canta do começo ao fim.

Cotação: ****

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Ramones, Rock And Roll High School, o filme (1979)


Não tive dúvidas. Entre o happy hour com o pessoal do trampo e o convite de amigas para “um filme de rock” no CineSesc, eu não tive dúvida. Fui ver o filme. Ao chegar lá, descobri que exibiriam, de graça, “Rock And Roll High School”, de 1979 (que eu nunca tinha tido a oportunidade de assistir), com os Ramones, produzido pelo Roger Corman, e dirigido por Allan Arkush, que dirigiu também o sensacional “Get Crazy” (1983) e depois se tornou diretor de seriados.

A exibição fez parte do projeto Cine Comodoro, desenvolvido pelo diretor Carlos Reichenbach (“Garotas do ABC”, “A Ilha dos Prazeres Proibidos”, “Dois Córregos”, entre outros), e prevê a exibição de um filme raro, precedido por um curta, no caso o interessante “Das Faces e Sombras”, de Vebis Jr.

E o filme “Rock and Roll High School” é um clássico raro, exibido com legendas especialmente preparadas para a sessão. Produção B, conta a história de Riff Randell, a maior fã dos Ramones, que resolve enfrentar a nova diretora conservadora de sua escola_ a High School da história.

O que se segue é o filme teen clássico, até a entrada em cena dos Ramones, que chegam à cidade num conversível. A partir de então, o filme vira um veículo para a banda, com direito a piadas sobre fãs, groupies e jabá.

Entretanto, o que mais me chamou a atenção é como os Ramones são tratados no filme. Em cena, eles não aparecem como parte do movimento punk, mas sim como os devidos rock stars que eram, mesmo na sua simplicidade.

Numa cena em que Riff sonha com seu amado Joey Ramone após fumar um baseado, entre os discos de sua coleção estão “Sticky Fingers”, dos Stones, “Who´s Next”, do Who, “Highway 61”, de Dylan, e “Road To Ruin”, dos Ramones.

Diferentemente da Inglaterra, onde a cena punk pregava a distinção radical do que era feito por Led Zeppelin, Pink Floyd, etc, no imaginário americano, o punk era rock´n´roll também, ponto. No filme, além de Ramones, ouve-se Velvet Underground (“Rock and Roll”), Alice Cooper (“Schools Out”, claro), Chuck Berry, Devo, instrumentais de Brian Eno, e até Paul and The Wings, com a belíssima “Did We Meet Somewhere Before?".

Uma pena que na cena do show, os Ramones não executem seus números ao vivo, que incluem “Teenage Lobotomy” e “Pinhead”_ coisas de uma produção barata, é claro, mas o que importa é que a mensagem dos Ramones ainda está viva, tanto que o cinema, de 350 lugares (incluindo o fumoir) estava quase lotado, o que é excelente para uma quarta-feira e para Johnny, Joey, Dee Dee e Marky.