quinta-feira, 28 de junho de 2007
Top Ten MP3
Portanto, eis uma listinha de algumas das músicas que mais tenho ouvido entre cento e sessenta e poucas que estão no meu MP3. Tem de tudo, clássicos e novidades do rock e da MPB. A abrangência do gosto do autor é grande, tanto que hoje coloquei no bichinho músicas de Sinatra e Robert Plant, dois de meus cantores preferidos. Corram atrás:
Elton John - Tiny Dancer - um clássico, que ficou mais lindo ainda por meio da sensibilidade de Cameron Crowe no já clássico filme Quase Famosos.
Supergrass - Movin´- carro chefe do terceiro disco da banda, "Pumping On Your Stereo", de 1999. O Supergrass é uma banda tão boa ao vivo quanto no disco. Tenho um DVD em que a banda apresenta essa música no palco do Jools Holland e é quase tão bom quanto no disco.
Morrissey - You Have Killed Me, do novo disco dele: "Ringleader of the Tormentors", que já começa com um verso sensacional _"Pasolini is Me". Não precisa dizer mais nada. Pop perfeito com o Mozz cantando melhor que nos Smiths.
Ronnie Von - My Cherie Amour - versão em português belíssima do clássico de Stevie Wonder, gravada no encantador disco "A Misteriosa Luta do Reino de Parasempre (1969) ", na época que o Ronnie andava com o letrista, compositor e produtor Arnaldo Saccomanni, hoje o "cara" do Ídolos, no SBT, sem demérito, pois a única coisa boa daquele programa é o júri.
Erasmo Carlos - Carlos, Erasmo (1971) - O álbum inteiro está espalhado no MP3 e é maravilhoso, especialmente a voz de Erasmo, simplesmente perfeita e todos os arranjos, em especial "Mundo Deserto", "Sodoma e Gomorra", "É Preciso Dar Um Jeito Meu Amigo", as três de Erasmo e Roberto, e "Agora Ninguém Chora Mais" (Jorge Ben), "De Noite na Cama", a melhor versão ever do clássico de Caetano, mas a minha preferida é "Não Te Quero Santa", que tem a ver com o momento que estou vivendo hoje, de Sergio Fayne, Vitor Martins e Saulo Nunes.
Small Faces - Afterglow - o que é essa introdução!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!e o refrão!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Magic Numbers - Take a Chance - Terceira faixa do "Those The Brokes", primeiro disco dessa nova grande banda inglesa de gordinhos lindos, que têm as oito patas cravadas nos 60. Não à toa, eles encantaram Brian Wilson, Paul McCartney e Bono ao mesmo tempo.
Snow Patrol - Make This Go On Forever - do quarto e último (por enquanto) disco dessa outra grande "nova" banda britânica, "Eyes Open". É o que a gente imagina que o Coldplay estaria fazendo senão tivesse caído nessa rota descendente desde o terceiro disco. Também tem a ver como me sinto ultimamente.
Suede - New Generation - Um hino. Gravada no segundo álbum dos caras. Brett Anderson canta muito.
Cartola - O Mundo é um Moinho e Minha - Dois dos meus sambas preferidos, ever. Música para ouvir sempre. Me lembra o Rio. Sinto cheiros enquanto escrevo, me lembram também uma noite no Salve Simpatia (um bom bar de samba nessa São Paulo de pés trocados), com uma hoje amiga linda, na qual dançávamos um samba próprio, desajeitado. "O Mundo é um Moinho" é o momento mais belo do documentário Cartola, de Lírio Ferreira e Hilton Lacerda, quando o nosso maior sambista toca a música para seu velho pai, com o qual se reencontrou quase no fim da vida, após ter sido abandonado com 11 anos no morro da Mangueira... É vida de verdade, gente. É o nosso país, nossas raízes.
Lenine - Dois Olhos Negros - Lista de dez músicas com dez músicas não tem graça, né? A versão dessa música no MTV Acústico, com Igor Cavaleira tocando junto com a banda de Lenine é um clássico. Taí um exemplo de artista para o qual não dava bola e hoje dou o maior valor. O jeito que ele canta é lindo e o sotaque... ah, que coisa linda. Pernambuco é lindo.
segunda-feira, 18 de junho de 2007
The obscured face of Pink Floyd
É praticamente incontestável que “Dark Side Of The Moon” é o melhor disco do Pink Floyd. Junto com os também excelentes “Wish You Were Here” e “The Wall”, o álbum tem o que Roger Waters chama de “empatia”, e que eu gosto de chamar de “não-comunicação”. Não que os álbuns não comunicam, muito pelo contrário, mas o isolamento do autor em seu mundo próprio permeia os personagens de seu mundo de sonhos e imagens num formato que a todos emociona.
Bem, mas não estou aqui para falar de nenhum desses álbuns, nem da inspiração-obsessão de Waters, mas de dois discos e um filme do Pink Floyd que pouca gente dá importância, mas que são fundamentais para explicar como o baixista e a banda chegaram até “Dark Side”_ falo de “Meddle” (o melhor álbum do Pink Floyd depois “Piper At The Gates of Dawn” e antes de “Dark Side”), do filme “Live at Pompeii”, de Adrian Maben, e “Obscured by Clouds”, trilha sonora do filme “La Vallée”, de Barbet Schroeder, lançados num intervalo menor de dois anos, entre 1971 e 1972.
Portadores das coleções de canções acústicas mais lindas do Floyd e de perfomances musicais acachapantes, os dois álbuns e o filme delineiam o que seria a banda dali para a frente. Os três trabalhos também marcam o fim, na minha visão, do Floyd como banda de camaradas e o início do grupo mega-ultra-profissional, peça fundamental do show-business dos 70/80.
Primeiro: as vozes do guitarrista David Gilmour e do tecladista Richard Wright soam como uma só. Só depois de ver “Live at Pompeii” que eu descobri que “Echoes” era um dueto e não uma canção com overdubbing da voz de Gilmour. Segundo, basta olhar os créditos e sacar a variedade de parcerias que rolavam nesta fase da banda.
Em Obscured, há duas faixas instrumentais assinadas por toda a banda, três músicas assinadas por Waters e Gilmour, duas de Waters e Wright, uma de Wright e Gilmour, e uma solo de Waters, outra de Gilmour. Em Meddle não é diferente: há duas parcerias de Waters e Gilmour, uma solo de Waters e três músicas da banda toda.
Ou seja, todos finalmente buscavam um objetivo mais claro de trabalho e, nessa busca, levavam o Pink Floyd do desamparo causado pela perda de seu líder, percebido no excessivo experimentalismo entre “Saucerful of Secrets” (1968) e “Atom Heart Mother” (o disco da Vaca) (1970), ao mega-estrelato alcançado em Dark Side. A banda deixava de exibir picos qualitativos ocasionais, saindo do esquema das grandes orquestrações, para grandes canções de uma banda com quatro músicos.
Além das óbvias “One Of These Days” e “Echoes”, que poderíamos chamar de hits de Meddle, esse álbum tem, para mim, duas das mais lindas canções do Floyd: a campestre “A Pillow of Winds”, cheia de camadas e pequenos detalhes de gravação, em especial os efeitos na guitarra de Gilmour, e “Fearless”, que tem direito à torcida do Liverpool cantando “You´ll Never Walk Alone”.
Já Obscured tem quatro das minhas baladas preferidas do Floyd: “Burning Bridges”, “The Gold It´s In The...”, “Wot´s... uh the deal” e “Stay”, que tem o melhor vocal gravado por Rick Wright no Pink Floyd ever.
“Obscured...” tem ainda o alt country rock “Free Four”, quando esse rótulo sequer existia. A música já fala no tema da morte do pai de Waters: “I´m a dead man´s son” canta o baixista, antecipando a “empatia” de “Dark Side” e “The Wall”. Infelizmente, porém, é um álbum subestimado e poucos críticos fazem esse link, visível também no hard blues “Childhood´s End”, cheia de maneirismos de guitarra que seriam repetidos a exaustão por Gilmour no futuro. No DVD Clássicos do Rock sobre o “Dark Side”, por exemplo, “Obscured...” sequer é mencionado.
“Live at Pompeii” foi ousado em 1971 ao colocar a banda num teatro romano vazio, onde o som do Floyd soa incrível. Tem o mérito de registrar como era essa fase do Floyd ao vivo e o fim da fase orquestral para a de uma banda que consegui executar o que compunha. E olha que filmar o Floyd não foi fácil, foram apenas três dias de filmagem, segundo Maben relata numa entrevista nos extras do DVD, tanto que parte das canções teve que ser filmada depois num estúdio em Paris.
Por tudo isso, Pink Floyd continua me encantando e não é a toa que de vez eu sempre me pego escutando esses discos.
Other Stuff: CDs da tiragem remasterizada lançada em 1992 e que aportou no Brasil em 1994. Completos, tiveram os encartes originais repaginados, incluindo todas as letras. O DVD, lançado como a “versão do diretor”, tem excelentes extras, inclusive a versão original do filme, lançado em 1971, melhor que a nova, cheia de computações gráficas descartáveis.
Cotações:
Meddle (1971) - ****1/2
Pink Floyd Live at Pompeii – original – (1971) - ****1/2
versão do diretor – (2003) - **1/2
Obscured by Clouds (1972) - ****
terça-feira, 12 de junho de 2007
Small Faces, Humble Pie, Faces, Steve Marriot, Ronnie Lane... Gênios*
Estou completamente fascinado por Small Faces e seu lead singer, Steve Marriot. Junto com outro gênio, Ronnie Lane (que depois montou os Faces com Rod Stewart e Ron Wood, banda que ainda receberá um capítulo à parte aqui no Resenhas), o cantor baixinho e cabeçudo criou algumas das melhores pérolas pop dos anos 60, como “Itchycoo Park” e seu lado B, “I´m Only Dreaming”, “All Or Nothing”, “Here Comes The Nice”, “Afterglow”, “My Mind´s Eye”, “Song Of A Baker” e "Tin Soldier".
Por volta de outubro do ano passado estava obcecado pelo som do Small Faces e ouvia a banda o tempo inteiro (hoje ainda ouço minhas top five, salvas no MP3). Meu primeiro contato com os caras foi através do compacto simples de Itchycoo Park/I´m Only Dreaming, que eu comprei num sebo de Santos por R$ 1... Hahahahaha.
Depois, a curiosidade ficou ali, atiçando, e fiquei uns três anos percorrendo lojas de CDs atrás do vol. 32 da Definitive Collection, uma série alemã, pirataça, lançada no Brasil pela Paradoxx (às vezes aparecem uns volumes dessa série na Neto Discos e na Virtual Discos). A coletânea tem o essencial do melhor disco de carreira da banda, o imprescindível Ogden´s Nut Gonna Flake.
Se você achar, recomendo a compra, pois os discos do Small Faces originais são muito difíceis de achar e a discografia deles é uma zona, graças à fase na gravadora Immediate, do picaretaço Andrew Loog Oldham, que terminou de foder a conturbada carreira do grupo que, pasmem, nunca tocou nos Estados Unidos (para ler a biografia completa do SF no allmusic, clique aqui, é de chorar).
Entretanto, o que me fez ter certeza que os caras são gênios foi o You Tube, onde assisti uma performance impressionante de Marriot e a da banda no programa Beat Beat Beat, da TV Alemã, por volta de 1965, onde eles interpretam “Hey Girl”, “Watcha Gonna Do About It” e “Sha La La La Lee”, seus três primeiros sucessos. Marriot tem uma voz impressionante ao vivo e uma performance que, na época, deixava no chinelo Mick Jagger e Ray Davies, por exemplo.
Outra coisa que me impressiona é a semelhança do vocal de Robert Plant com o de Marriot em alguns momentos. A voz do cantor do Small Faces que, após o fim da banda, criou a boa banda de hard rock Humble Pie, que revelou Peter Frampton, é uma espécie de protótipo das maneirices dos vocalistas de hard rock, como Plant e Paul Rodgers (Free). Para quem acha a comparação bizarra, faça a checagem comparando as versões de Plant e do Small Faces para o clássico “If I Were a Carpenter”, que integra a coletânea mencionada acima.
Para quem ainda tem dúvidas de que a obra de Marriot, morto em 1991, é perene, procure ou baixe o DVD Tributo a Steve Marriot, gravado em 20 de abril de 2001 no Astoria Theatre, em Londres. O show teve as presenças de Noel Gallagher, Paul Weller, Peter Frampton, Kenny Jones e Ian MacLagan.
O Humble Pie se reuniu após trinta anos para este show e toca clássicos como “I Don´t Need No Doctor”. A versão de Weller com Noel, Jones, MacLagan e Gem Archer de “I´m Only Dreaming” é inesquecível. O DVD é achável nas bancas da região da Paulista por míseros R$ 12,90.
Other Stuff
A Definitive Collection é a coletânea com repertório mais amplo da banda, mas a qualidade do som de algumas faixas é meio tosca, daí o disco ter quatro estrelas. O DVD é mal-editado e filmado com poucos recursos, mas tem excelentes momentos musicais e poucos extras, uma desvantagem. Detalhe, no dia da gravação o Astoria bateu o recorde de venda de cervejas. O Ogden´s é essencial, mas só dá para achar na gringa.
Cotações
Definitive Collection Vol. 32 – Small Faces (2000) – Na gringa, essa coletânea, originalmente chamada Ultimate Collection, lançada pela Charly, tem a capa acima****
DVD Tributo a Steve Marriot (2004) – Na foto, a capa gringa****
Ogden´s Nut Gonna Flake (1968) - *****
* Editado a partir de texto publicado originalmente em 02 de outubro de 2006 no meu outro blog, o http://cronicasdostrintaetantos.blogspot.com
Para ler o texto original, clique em http://cronicasdostrintaetantos.blogspot.com/2006/10/o-mundo-precisa-ouvir-steve-marriot.html