domingo, 1 de março de 2009

O primeiro show de rock


Estou feliz. Ontem, cumpri uma autopromessa de quase cinco anos: levar minha filha a seu primeiro show de rock. Em 2004, quando ela tinha 3 anos, anotei num blog antigo que havia duas músicas que ela sempre me pedia: "O Sol que Me Ilumina", do bardo Wander Wildner, e "Dois a Rodar", do super grupo pop Ludov.

Eu e minha companheirona estávamos com muito calor e ela muito cansada de brincar numa festa de aniversário, mas rodamos uma hora de ônibus, da Pompéia ao Ipiranga, para vê-los tocar no Sesc.

Corremos e chegamos enquanto Vanessa cantava a primeira música sozinha ao violão, depois o grupo desfiou sua esteira de sucessos em formato semi-acústico (não foi 100% acústico, pois eles usaram baixo elétrico e escaleta em alguns arranjos), cantados em uníssono pelos fãs, que lotaram a área de convivência do Sesc.

Teve de tudo, canções do EP “Dois a Rodar” e dos dois álbuns: “O Exercício das Pequenas Coisas” e “Disco Paralelo”, além de duas ou três músicas que poderão entrar no próximo disco, que eles começam a gravar hoje. Boa sorte, queridos.

Minha filha querida mandou bem, arrumou um lugar entre duas senhoras que ocupavam um sofá, acompanhou com palmas, cantou as que conhecia, levantou para tirar fotos, como essa aí de cima, com meu celular tosquinho... Ela teve mais sorte que eu, o Ludov tocou a canção preferida dela: “Dois a Rodar”. Eu fiquei sem “Dorme em Paz” (como eu queria gritar aquele refrão!!!)... Voltamos felizes para casa, comentando o show no ônibus. Ela tem sete anos, quase oito. E eu tô muito feliz.

E para quem não conhece Ludov, reproduzo aqui um texto que escrevi num blog meu, que já morreu, sobre o glorioso disco “O Exercício das Pequenas Coisas”.

Friday, February 04, 2005
O DIA EM QUE O POP ROCK FOI FELIZ

Que delícia chegar em casa e encontrar o CD novo sobre a mesa. Que delícia saber que não errei na compra. Pois é. O EP "Dois a Rodar" pôs as cartas na mesa e deu todas as pistas. O álbum "O Exercício das Pequenas Coisas" apenas confirmou: o Ludov veio para ficar no cenário pop-rock nacional, mas não é só, pois já está fazendo história.
Este álbum de estréia (na verdade o terceiro do grupo, que havia gravado dois discos inteiros como Maybees) é o "Pet Sounds" atrasado do pop brasileiro. Essa banda de mão cheia, formada por Mauro Motoki (guitarra, teclados e outras coisas), Habacuque Lima (guitarra), Vanessa Krongold (voz), Edu Filomeno (baixo) e Paulo Chapolin (bateria), extrai de seu caldo de cultura formado por Beatles, Mutantes, Bossa Nova, Brit Pop Fofinho, Pato Fu, Los Hermanos, Beach Boys, Burt Bacharach, REM, Smashing Pumpkins (fase Mellon Collie), em uma combinação perfeita com a voz entre o raso e o profundo de Vanessa, que poderia ser definida como uma Fernanda Takai com a potência de Chrissie Hynde e Natalie Merchant, o pop rock mais perfeito já escrito no país.
Mérito de Motoki, Lima e Vanessa, os compositores do grupo, mas mérito também de um disco esmerado, incrivelmente bem produzido, sem preguiça de experimentar arranjos novos _arriscando mais no teclado, overdubando vozes, violões, acrescentando coros, novos instrumentos...

Apesar das diferentes fontes musicais e da mutante voz de Vanessa, o disco é coeso e flui sem grandes turbulências do princípio ao fim, entre baladas puras como a onírica "Sete Anos", com vocal de Motoki, ao momento 10,000 Maniacs de "Estrelas" e as simbioses agridoces e pesadas de "Kriptonita" (a faixa de trabalho) e "Dorme Em Paz" (para mim, candidata a hit).

Espaço não falta para a criatividade da banda, que dá um chega prá lá na inveja com a bela "Gramado" (Se o gramado ao lado todo esverdeado/ Parecer melhor que o seu/ Tome mais cuidado com esse mau olhado/Não venha cuspir no meu), sacode o esqueleto na instrumental 5upertrunfo (assim, com 5. Uma homenagem ao REM e seus 4´s nas letras???), faz um link com a Jovem Guarda na batida da guitarra em "Elastano" e dá um presentinho aos atrasadinhos com o hit "Princesa", que os levou a ganhar o VMB categoria "Revelação".

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