sábado, 10 de fevereiro de 2007

Morrissey, Viva Hate (1988)



Tenho uma história bacana com esse disco. Uma das primeiras e únicas vezes que ouvi esse disco foi na casa de um amigo "barra-pesada", o Cyrano. Tão barra pesada, que eu o conheci no basquete. Com 14 anos, o cara fumava e bebia e pichava o quarto. Ó! Como pude andar com elementos perigosos como esses e sobreviver?

Éramos eu, Cyrano, André (Morrissey cover) e a mina dele ouvindo o disco no quarto do Cyrano, num dia quente de 1988, janelas baixadas, tudo escuro, fazia uns 40ºC do lado de fora. Eles bebiam e fumavam. Eu só escutava. Marcou. No mesmo dia ouvimos o "Darklands", o "Psychocandy" (ambos do J&MC), e o "Rattle and Hum", cujo filme, deixou Cyrano pirado.

Dezoito anos depois, o vinil caiu nas minhas mãos, dado de presente pelo grande Mauro. E foi legal reouvir aqueles sons. Gravado no final de 1987, logo após o fim dos Smiths, num estúdio de Bath, linda cidade do oeste inglês, onde vivem e gravam Peter Gabriel, Van Morrison e outros fodões dos anos 70/80, o disco era um exercício de auto-afirmação de Morrissey. Tirando o cantor e as letras, tudo que lembrasse Smiths tinha que, praticamente, desaparecer. Tanto que na capa estava lá o próprio cantor, fotografado por Anton Corbjn, e não algum ator-ícone dos anos 50.

Com o apoio do produtor, baixista e compositor Stephen Street, e com Vini Reilly (Durutti Column), que definitivamente não são Johnny Marr, Morrissey conseguiu dar conta do recado. Prova de que os Smiths não poderiam ser lembrados é que nenhuma das quatro músicas que fizeram mais sucesso no disco _"Everyday is Like Sunday", "Late Night. Maudlin Street", "Suedehead" e "The Ordinary Boys"_ tinham o som de guitarra-rítmica forte, o que era a principal característica do som jingle-jangle da banda. “Suedehead” tinha riff e solo de guitarra marcantes.


O disco foi bem, a carreira de Morrissey, mesmo com altos e baixos, é muito superior a de Johnny Marr. Os Smiths nunca estiveram próximos de um retorno caça-níqueis. A vida continua.

Cotação: ***1/2


Other Stuff: LP original, de 1988, com rótulo preto da EMI Parlophone, o mesmo usado nos plays dos Beatles nos relançamentos de 1987. Encarte completo com todas as letras e informações.

Cotação:****

2 comentários:

Anônimo disse...

Putz, Zoyd, esse disco é muito foda. Tinha recém descoberto o Durutti Collum e estava deslumbrado com aquelas guitarras melancólicas de Vinnie Reilly quando me sai esse disco com ele.
Comprei o vinil assim que saiu, assim como Bona Drag e Kill Uncle que tenho até hoje. Aí saiu um CD em edição especial com várias músicas inéditas uns bons anos depois, comprei no ato.
É o melhor disco de Morrissey na minha opinião, o mais inspirado. É uma viagem ouví-lo... em todos os sentidos.

MO disse...

Cara,

Esse disco foi uma felicidade pra mim. Eu tinha ouvido ele muito de orelhada nos 80 e 90. Um belo dia, este ano, ganhei de presente do Mauro. E que disco!
"Late Night on Maudlin Street" é uma das músicas mais lindas ever.

Obrigado pelos comentários!

Zoyd