segunda-feira, 12 de março de 2007

Van Morrison, Moondance (1971)

Esse disco começou uma tradição bacana na minha vida musical: a de gostar de álbuns que não são o que a maioria considera os melhores. Nove entre dez críticos que conhecem um pouco a obra de Van "The Man" Morrison não apontam "Moondance" como o melhor disco dele, mas eu não tenho nenhuma dúvida em afirmar que é.
Se "Astral Weeks", o que todo mundo diz que é o melhor de todos, é introspectivo, trêmulo, com aquele baixo fretless escorregando o tempo inteiro, experimental, a voz de Van esganiçada, "Moondance", é cool, tem o baixo todo marcadinho, é altamente cantarolável, com Van cantando ora comedido, ora forte, mas sempre bem colocado, sem espaço para a dúvida. Numa comparação de um segundo: "Astral Weeks" é Miles Davis. "Moondance" é Sinatra. Sempre preferi o segundo, pois eu sou pop.

Não é difícil ouvir esse disco e sair cantando por aí, desde a balada trepa-trepa "Crazy Love", passando pelo cenário belamente descrito de "Into The Mystic", o lindo rio que corta Boston, onipresente no maravilhoso livro-filme-álbum de figurinhas "Sobre Meninos e Lobos", à beleza onírica de "Caravan", que aparece linda em muitos filmes, mas me comoveu no simples "American Pie, o Casamento".

Ray Charles e a América inspiram o irlandês Morrison. Em "These Dreams Of You", ele é citado por Van, que narra um sonho que teve no qual Ray era baleado no palco, se erguia e continuava cantando. Na gospel "Brand New Day", o nome dele não aparece, mas ele está lá, de soslaio, como um encosto extremamente bem-vindo.

Um álbum apaixonante e imperdível. Ouvi pela primeira vez na casa do Marcelo, comprei meses depois e estou sempre ouvindo e reouvindo e cantarolando.

Cotação: *****


Other Stuff:

CD importado, americano. Encarte completo, com ficha técnica da banda e todas as letras.

Cotação: ****

Nenhum comentário: