quarta-feira, 28 de março de 2007

Joy Division, Closer (1980)

Lembro que, lá para 88, quando eu conheci Joy Division após a discografia da banda ter sido relançada por aqui em 1987/88 pela gravadora Stiletto, e também por meio de um programa de rádio na gloriosa 95.3 FM, em Santos, que tocou as raridades lançadas no álbum “Substance”, eu era um adolescente absolutamente impressionável.


Sobre tudo o que envolvia a banda, o que mais me marcou, claro, foi o suicídio de Ian Curtis, aos 23 anos. Me intrigava também o fato de eu não lembrar que o Jornal Nacional tivesse noticiado sua morte (eu lembrava da matéria sobre a morte do John Lennon, porque não lembraria da matéria sobre a morte de Ian Curtis? Conclusão, não deve ter havido matéria do JN mesmo, hehehe).


Portanto, ler as letras dele era a única forma de tentar entender o caso. Era minha forma de ser Maigret ou Sherlock por algumas horas. Por que ele via o filme "Woycek"? (caramba, até hoje não vi esse filme do Herzog! Algumas coisas continuam difíceis mesmo com a internet e o You Tube). Por que escutava o "The Idiot", do Iggy Pop? Essas imagens e essa música influenciaram sua decisão?


E conhecendo profundamente a obra do Joy Division e do New Order ao mesmo tempo (é bom lembrar que a obra de Curtis era relançada mundialmente ao mesmo tempo que o NO realizava uma gigantesca turnê mundial) permitiu pensar numa deliciosa versão de quadrinhos Marvel “o que teria acontecido se... Ian Curtis estivesse vivo”.


Que letras! “Procession moves on, the shouting is over”, “When routine bites hard, and ambitions are low”. Que vocabulário para um operário epilético! E que música! O disco tem “Love Will Tear Us Apart”, “The Eternal”, “Twenty Four Hours”, “Heart and Soul”, “Decades”, um lado mais hard, outro mais soft, igualmente tristes. Precisa dizer mais alguma coisa? Finalmente, a palavra minimalismo, que tanto os críticos usavam para descrever os anos 80, fazia algum sentido para mim.


Naquela época, jovem de tudo, era muito fácil ouvir Joy Division. O coração aguentava fácil. Eu era mais romântico que hoje e meus amores platônicos irrealizados tinham como trilha o Joy. A tristeza perturbadora de "Closer" ajudou na formação do meu caráter. Ontem, conversava com um amigo, e ele falou que hoje toma “Joy Division em doses homeopáticas”. É bem por aí. A dura verdade poética das cenas retratadas por Ian pode ser perigosa.

Cotação: *****


Other Stuff

Meu vinil é um segundo relançamento da obra da banda, de 92, já sem o selo da Stiletto e com a reprodução do selo original da Factory, com o tradicional logo do f na parte superior e sem descrição de A side/ B side. Lindo, completo. Estava na parede da outra casa até um mês atrás. Aqui na casa nova ele voltará para a vitrola, em pequenas doses...
Cotação: ****

6 comentários:

Unknown disse...

"Love Will Tear Us Apart" é uma das cinco melhores músicas de todos os tempos. Às vezes até acho que é a primeira ou segunda...só não me pede pra dizer quais as outras quatro :oP


(Haha, e esse "Que vocabulário para um operário epilético!" eu não esqueço tão cedo)

Unknown disse...

Trivia: Segura seu LP com muito carinho, pois só a versão brasuca contém Love will tear us apart, o vinilzão gringo não tem, pois a musica foi lançada como single, saindo em disco oficialmente só no substance. Tenho o cd, que também não saiu com o CRACIKO!
Abração.
Mauro.

MO disse...

Cara,

Não sabia disso!!! Não vendo meu vinil nem fodendo, ainda mais tendo onde tocar.

Valeu!

Anônimo disse...

Tenho o vinil gringo sem a "Love Will Tears Us Apart" porque já tinha o Substance. Tenho tudo em vinil do Joy Division, tenho até um vinil pirata ao vivo em Amsterdan que tá até que bem gravado pra ser pirata, presente de uma amiga que trouxe da Espanha. O Joy me influenciou muito no início dos 90, minha banda começou tocando vários covers deles. Muita gente não conhece até hoje, aliás, as novas gerações nem conhecem New Order direito...

Unknown disse...

Tony, a verdade seja dita, as novas gerações não conhecem quase nada direito, por mais acesso que tenham. Por aqui o que rola é uma cena ridícula, na qual os adolescentes vestem camisa do "Evanescene" e dizem que são góticos. É mole...
New Order??? é falar grego.
Joy Division??? Esperanto.

Anônimo disse...

Por que nao:)